
O desafio de Bonn, lançado em 2011, encorajava os estados a restaurar 150 milhões de hectares de florestas até 2020 e 350 milhões até 2030 para manter o aquecimento global abaixo de +1,5°C. Contudo, todos os anos desaparecem 13 milhões de hectares de floresta, ou seja, 1 campo de futebol, a cada 3,5 segundos. Segundo a Global Forest Watch, Portugal perdeu mais de 280 mil hectares de área florestal entre 2001 e 2014, o que nos coloca no topo dos países com maior perda percentual de coberto arbóreo (24,6%).

Já as nossas florestas primárias – aquelas que se encontram no seu estado natural e cuja existência não depende da atividade humana – estão “em risco de desaparecer”, diz a Quercus, uma vez que ocupam apenas cerca de 1% da área florestal do nosso país.
As florestas são responsáveis pela absorção de um terço do dióxido de carbono libertado anualmente pela queima de combustíveis fósseis, por regular o ciclo da água do planeta, por arrefecer o planeta e pela manutenção da biodiversidade, entre outras funções. Contudo, desde a década de 1960, mais de 50% das florestas tropicais foram destruídas, por razões políticas e sobretudo industriais. Nalgumas regiões, as florestas são encaradas como um entrave à expansão de zonas urbanas, à construção de estradas ou infraestruturas, produção de alimentos e matérias-primas utilizadas um pouco por todo o mundo, como óleo de palma e soja, responsáveis por uma boa parte da desflorestação de alguns dos ambientes mais diversos e ricos do planeta. Só no Brasil, 20 milhões de hectares (80% da área desflorestada) é utilizada para produzir soja transgénica para rações animais.

O mercado internacional de carne é um dos principais culpados pela desflorestação, especialmente em África e na América do Sul. Todos os anos, milhares de hectares de floresta são transformados em pasto para gado. Ainda no Brasil, estima-se que cerca de 70% de toda a desflorestação se deva à indústria da carne bovina. A exploração destas e de outras matérias primas como a borracha, café, cacau e açúcar, bem como a produção de carvão e a extração ilegal e insustentável de madeira, minerais, gás ou petróleo são as principais causas da desflorestação.
Perder florestas também significa perder habitats. 80% da biodiversidade terrestre vive em florestas, o que significa que a desflorestação, aliada às mudanças drásticas de temperatura ou à erosão dos solos, pode colocar em risco a sobrevivência de muitas espécies de seres vivos. A degradação florestal é simultaneamente causa e efeito das alterações climáticas. Com o aquecimento global, a mudança rápida de estações e a subida do nível do mar, as florestas ficam mais vulneráveis e suscetíveis de destruir de forma irreversível a biosfera envolvente. Na Amazónia, as grandes inundações, secas e incêndios são um claro sinal de aviso de que estamos muito perto de um ponto de não-retorno ou mesmo que já o ultrapassamos, com a consequente libertação de carbono sequestrado na região e a sua contribuição para as alterações climáticas.

Se deixarmos isto acontecer, milhões de pessoas ficarão sem meios de subsistência e a própria indústria que causa esta destruição – a produção de gado e de soja – irá entrar em colapso. Para a Zero, o rápido fim da desflorestação e os esforços para restaurar parte do que foi perdido poderão alterar este cenário apocalíptico. Acabar com a desflorestação resultante de políticas insustentáveis da UE pode e deve ser uma primeira medida de emergência.

Para combater a desflorestação, à nossa escala, devemos acima de tudo consumir de forma diferente e forçar as empresas a adotarem um comportamento responsável. Devemos ler os rótulos do que compramos e favorecer, por exemplo, produtos sem óleo de palma, bem como reduzir ou eliminar o consumo de proteína animal – uma das razões por que a Virya lançou a gama de proteínas veganas Okami Bio. Além disso, devemos procurar produtos florestais com garantia de sustentabilidade, neutros em carbono e que compensem a madeira utilizada com programas de plantação de árvores para reflorestamento e de desenvolvimento de sistemas agroflorestais, como é o caso da nossa nova marca ecoLiving.
A ecoLiving tem também o compromisso de apenas utilizar madeiras provenientes de explorações sustentáveis e com garantia FSC, de plantar 4 árvores por cada árvore colhida para a fabricação dos seus produtos e de plantar uma árvore por cada embalagem vendida de certos produtos, participando ainda em programas de desenvolvimento e proteção ambiental.